terça-feira, 13 de setembro de 2011

Abrindo o coração

Do pouco que vi do barulho por conta desta entrevista do Zico, parece até que só agora tomamos conhecimento das mágoas do Galinho com o Flamengo. Convicções, clichês e frases feitas internet afora que tanto condenam quanto absolvem o ídolo. Ele abriu o coração (novamente) e aproveito o espaço para também abrir (pela primeira vez sobre esse assunto) o meu. Se por algum acaso do destino alguém não sabe do que estou falando, é só dar uma olhada aqui.


É claro que fiquei injuriada com a saída do Zico do Flamengo. Na verdade, segundo minhas próprias palavras na época, fiquei triste, frustrada e envergonhada. Não sei bem em que momento meus sentimentos em relação a este episódio acabaram ficando um pouco diferentes. A gente sempre sabe o que esperar (e o que não esperar) dos dirigentes de um clube. Por isso, de acordo com as ações e decisões de cada um, ficamos felizes ou revoltados, mas nunca decepcionados. Mas confesso que rolou uma ponta de decepção com meu ídolo, sim. E tenho os meus motivos (enfatizando: meus motivos, minha opinião, nenhuma verdade absoluta nisso, ok?).

O Flamengo é dirigido por pessoas. Não foi o Flamengo, toda a sua história, o seu futuro e sua torcida, que o “injuriou” e, sim, algumas pessoas dentro do Flamengo. Mas o tempo passou e nada de ações judiciais de nenhuma das partes (hoje, pelo que sei, nada se tem além de um inquérito interno). Acredito nele e na sua palavra, mas não concordo com esse abafa. Por que o Galo nunca entrou de fato com o processo que prometeu entrar contra aqueles que provocaram a situação? Por que ele não foi o primeiro a querer acabar de vez com a credibilidade daqueles que provocaram toda uma situação até hoje indigesta para todos os que amam o Clube? Por que ele preferiu ficar no “disse-não-disse” e desde então, toda vez que perguntado sobre o assunto, volta (como hoje) com o papo do “desconfiaram da minha idoneidade”? Aqui de fora, tudo o que posso fazer é torcer pelo fim da palhaçada e, principalmente pela transparência: que alguém lá dentro esbraveje “quem falou? cadê provas? mentiu, tá fora!” e tal. Ele poderia ter feito a diferença que nós aqui de fora só podemos, repito, torcer para acontecer. No fim muitos perderam : Zico, os de bom coração dentro da Gávea (sim, eles existem!) e nós, torcedores.

Que droga! Sempre que essa celeuma volta à tona, fico eu aqui me remoendo em culpas porque entendo a mágoa do Galo mas esperava mais dele em sua reação. Vivo repetindo o que ele próprio sempre repetiu: o Flamengo deve estar acima de tudo. É claro que, para mim é muito fácil falar: sou apenas uma torcedora e ninguém nunca me enfiou o dedo na cara fazendo acusações estapafúrdias que envolviam família e projetos de vida. Mas poxa, se ele, o principal interessado, optou por deixar o assunto assim, mal contado, então acabou. E se a sua mágoa (sigo usando essa expressão pois acredito mesmo que seu amor pelo Flamengo não acabou ali) com “o Clube” é tamanha para que ele não queria mais sequer pisar lá, não ver os jogos, beleza. Só tenho minhas dúvidas do quanto essa postura é definitiva principalmente porque, diferente dele, muita gente hoje dentro do clube não vai durar 40 anos por lá e por isso fico pensando no quanto declarações como as de hoje são desnecessárias uma vez que nada de novo acrescentaram à situação.

Concluindo, guardo uma pontinha de decepção porque descobri meu ídolo mais humano do que eu gostaria de admitir e isso é, obviamente, problema meu, não dele. E por isso sigo na torcida: para que passe a mágoa do Galo, com o passar das pessoas ou, na pior das hipóteses, com o passar do tempo. Um amor lindo assim merece outro final. Não esse.

Nota: Publicado originalmente no O Mais Querido.

sábado, 10 de setembro de 2011

A arte de torcer na adversidade

Antes de mais nada, tenho que me desculpar com todos vocês, e com o Jefferson também, pelo sumiço. Às vezes a vida não colabora com nossos planos e fica complicado cumprir alguns compromissos. Na verdade, poucas coisas justificam o não cumprimento de um compromisso, mas só o que posso fazer agora é tentar retomar a regularidade e seguir com a vida.

Nessas quase duas semanas de ausência, apenas vi os jogos. Não acompanhei matérias, bastidores, entrevistas, mesas-redondas, nada além dos jogos. E o que vi obviamente não foi nada animador. Foi doloroso, revoltante até. E não sei se há explicação para esse aproveitamento pífio de 3 pontos em 21 disputados. Mas faz me rir o adversário que dorme aliviado com esse prognóstico: com toda essa “tragédia” o rubro-negro está em quinto lugar, a sete pontos do líder em plena 22a. rodada. Nossa, que tragédia! Pensam eles que desistimos do título? Nem um pouco.

A situação não está fácil, nunca neguei. Mas quem achou que seria fácil? O tal Mar da Tranquilidade até existe, mas só os astronautas têm permissão para conhecê-lo. Enquanto isso por aqui, só dureza. Só pauleira. Para retomar o caminho do acerto, primeiro o time tem que retormar o brilho, o encantamento, a alegria de jogar. E é só nesse fundamento que nós aqui de fora podemos ajudar, ao não permitir o arrefecer da nossa vontade, da nossa torcida. Torcer com o time ganhando, invicto e tal, é mole. Torcer agora, na adversidade é que faz a diferença. Arte essa dominada com maestria pela Nação Rubro Negra, sem campanhas, sem promoções, sem a apelação títpica dos menores incapazes de mobilizar tal paixão.
Estava com saudades daqui... =D

Nota: Publicado originalmente no O Mais Querido.