quarta-feira, 23 de junho de 2010

O início: Que Beleza!

Como a maioria absoluta de vocês, sou rubro-negra desde que me entendo por gente. Filha e neta de rubro-negros apaixonados e por isso, não há uma única vez que eu fale do MENGÃO sem que me lembre com todo o carinho do mundo do meu avô: Seu Beleza.


Agora me diga você: o que esperar de um sujeito com um apelido desses? Uma figura querida por todos na vizinhança. Pedreiro, batalhador, patriarca apaixonado e avô carinhoso. Ele respirava Flamengo. Vivia o Flamengo. Sorria e chorava com o Flamengo num tempo em que o futebol era muito mais do que 11 marmanjos querendo ser exportados para a Europa ou para o Oriente Médio. Ele viu o primeiro Tri-Campeonato Carioca (42/43/44) com Mestre Ziza, Domingos da Guia e companhia. Viu o segundo tri (53/54/55) com Zagallo e também viu a estreia do Galinho em 72. E como ele amava esse clube, campeão na terra e no mar! Foi assim que eu nasci com este gene indescritível e inabalável e inexplicável e incurável, incubado na minha existência: a PAIXÃO pelo Clube de Regatas do Flamengo.


Meu avô era minha principal companhia para – assistindo ou apenas ouvindo os jogos – torcer pelo MENGÃO. Ele narrava junto. Gritava. Suava. Espraguejava. Coitado do braço do sofá. Pobre da mesinha de centro. E eu lá ao lado dele atenta a tudo, torcendo louquinhamente.


Não fui ao Maracanã quando criança – uma frustração sem cura, aliás – mas esses jogos no colo do Seu Beleza eram tão intensos que o Maracanã se transportava para a nossa sala de estar, lá em São João de Meriti. Por ali desfilaram todos os ídolos e todos os títulos que, a partir de 78, encantariam o Brasil e o Mundo.


Sei que cada um de vocês tem uma história parecida para contar. Da influência do pai, da mãe, dos avós ou dos irmãos nessa paixão. Mas também sei que nada disso seria suficiente se não estivéssemos falando do MAIS QUERIDO! Das cores vibrantes do Manto mais famoso do mundo, que carrega 115 anos de vitórias.


Sou de uma geração privilegiada que viu o MENGÃO conquistar as Américas e o Mundo. Mas isso não é coisa do passado. Nossas crianças hoje estão perto de vivenciar a mesma coisa que eu e muitos de vocês. A propósito, vocês se lembram do Vagner Love dizendo que realizava um sonho de infância por poder vestir a camisa do Flamengo? Da foto de um menino chamado Léo Moura ao lado do Zico?


Que outra instituição consegue propiciar momentos como esse, transformando sonhos de criança em realidade e assim transformando, com isso, a vida de toda uma Nação? Nenhuma, minha gente. Ne-nhu-ma.


Nota: Publicado originalmente no Magia Rubro Negra.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Acabou o Amadorismo

Enquanto o mundo mantém fixos seus olhos exclusivamente nas sedes da Copa do Mundo da África do Sul, os corações rubro-negros voltam suas atenções para o nosso próprio cantinho.


Nesta semana começa a gestão de Artur Antunes Coimbra à frente do Futebol Rubro-Negro. A Nação ainda está eufórica, em total estado de graça com a volta do Galinho, inclusive eu mesma, mas todos sabemos que sua missão não vai ser fácil. Porque nada no Flamengo é fácil. A torcida – pelo menos a minha – é pela unidade acima de tudo. Pelo respeito ao que Zico representou e representa para o Mengão.


Nestes primeiros dias de trabalho, ele já demonstrou que pretende conduzir a gestão na conversa, ou melhor, usar o diálogo como sua principal ferramenta de trabalho. Chegou conversando muito com jogadores, comissão técnica e com a imprensa. Deu a entender que Rogério fica e que os contratos devem e irão ser cumpridos. Pretende, além de um segundo nome forte para gerenciar o futebol ao seu lado, priorizar o ataque do time na reposição do elenco.


A palavra de ordem é postura. “Para estar no Flamengo, tem que querer jogar”, diz o Galo ao exaltar a dedicação de Vagner Love para permanecer no Clube. O discurso é de profissionalismo total. Para trabalhar com ele tem que querer atuar no Mengão e cumprir os compromissos com o clubes.


Simples, não? Não é assim no nosso dia a dia? Temos que cumprir os horários e honrar os termos do contrato de trabalho que assinamos. Precisamos “vestir a camisa” da empresa onde trabalhamos. Não só mostrar serviço, mas é mostrar total devoção ao nossos clientes, chefes e companheiros de trabalho. De outra forma, tchau. A porta da rua é cortesia da casa para qualquer um pobre mortal.


Nenhum trabalho é fácil e ser jogador de futebol no Flamengo é muito mais do que um sonho um pessoal: reflete no amor de toda uma Nação. Como dizem web afora: não é para fracos.


Não vejo grandes prejuízos em acirrar um pouco a disciplina. E acho que não vai demorar muito tempo para que alguns comportamentos comecem a ser tratados com o devido rigor. Uma coisa é um jogador despontar como liderança. Outra coisa é o jogador achar que é o dono da bola, irritar-se e fazer birrinha com tudo e com todos e querer ser respeitados por mandos e desmandos. Se eu me chamasse Bruno, eu abriria meus olhos e fecharia minha boca.


Nota: Publicado originalmente no Magia Rubro Negra.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Parada no campo sim, no orgulho nunca!

Todo mundo se lembra do Centenário do Mengão em 1995, certo? Mas é só daqui a dois anos que celebraremos o centenário do Futebol no Flamengo. Foi ali na Campos Sales na Tijuca, bem no campo do América, que começou a mais emocionante, apaixonante e vitoriosa história do futebol brasileiro, que transformou o Mengão no clube gigantesco que conhecemos hoje, arrebatando fãs de todas as classes sociais, de todas as profissões e de todas as partes do mundo. O clube onde todo jogador brasileiro (mesmo que ele não admita) – e até alguns estrangeiros – sonha jogar um dia e ser recebido com o carinho da Magnética em pleno Maracanã lotado de vibrantes corações rubro-negros.


Não há como negar a grandiosidade dos nossos 98 anos de história no esporte bretão: são 2.968 vitórias em 5.582 jogos (mais vitórias do que os 1.290 empates e as 1.323 derrotas somados). Gols? Foram exatos 11.323 gols feitos nesses quase 100 anos contra 6.730 sofridos. E jogadores convocados para a seleção brasileira? Ninguém tira onda com o Mengão: 117 atletas convocados apenas para os jogos oficiais (contra seleções de outros países). Se contarmos partidas não-oficiais, contra combinados, times regionais ou clubes) nossos atletas sobem para 122 convocações, mantendo o primeiro lugar absoluto. O maior fornecedor de craques para a seleção canarinho de todos os tempos!


Agora vem a pausa para o Mundial. Já rola o papo de saudade dos jogos das quartas e dos fins de semana acompanhando o Mengão. Mas a torcida continua! Vamos continuar aqui acompanhando este intervalo bem propício para revisão de estratégias, de elenco e, principalmente, de postura. Vamos continuar rezando para que nosso S. Judas ilumine o Galinho e sua gestão engrene bem rapidinho para que o Brasil presencie mais um Bi-Campenoanto Brasileiro do Mengão!


Eu tenho orgulho deste Time, deste Clube e desta História! E vocês?


Fontes
Flapédia (aqui)
Memória E.C. (aqui )

Nota: Publicado originalmente no Magia Rubro Negra.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Onde você estava?

Se você é Rubro-Negro e tem mais de 30 anos, vou te propor uma brincadeira: quer apostar que eu sei o que você estava fazendo há exatos 30 anos? Estava se esgoelando pela rua aos gritos de É CAMPEÃÃÃÃÃÃÃO!!! Exatamente, queridos leitores! Há 30 anos atrás o Campeonato Brasileiro terminava no meio do ano e, assim, nosso primeiro título brasileiro comemora hoje, 1 de junho, seu 30º aniversário.


Eram 164 mil representantes da Magnética espremidos no Maracanã dispostos a anular a violência e a catimba do adversário e presenciarem a canja de galinha que se cozinharia no então maior do mundo.



Nada mais profético e animador do receber o nosso Galo justamente no aniversário de nosso primeiro Brasileirão, não acham? Sempre nas adversidades o Flamengo mostra sua melhor performance. Em 1980 vínhamos de uma derrota esquisita de 1×0 para o Atlético-MG. Estávamos apreensivos, preocupados até com a vida de Rondinelli – o deus da Raça – que estava internado com fratura na mandíbula (presente do Éder). Em 2010 estávamos consternados com tanta esquisitice. O time campeão desmantelado, a diretoria apática, sem o tetra-carioca, sem a Libertadores.


Em 1980, Nunes e Zico fizeram os gols que nos trouxeram o título. Em 2010, Patrícia e Zico.


Hoje, 1 de junho de 2010 eu vi o mesmo sorriso aberto e vitorioso no rosto do maior jogador rubro-negro de todos os tempos que vi no rosto do jovem atleta, na mesma noite de 1980.


Tenho certeza de que não é só uma coincidência. E você?


Nota: Publicado originalmente no Magia Rubro Negra.