sexta-feira, 16 de abril de 2010

Maria Lenk: Inspiração, Superação e Motivação


Se o meu post publicado ontem não foi suficiente para inflar o orgulho rubro-negro da Nação, eu agora vou pegar pesado. Há três anos morria Maria Emma Hulda Lenk Zigler. Para quem não sabe, a simpática senhora da foto era muito mais do que o nome de um parque aquático: ela foi a principal nadadora que o Brasil já viu.


Filha de um ginasta alemão, ela nasceu em São Paulo e aprendeu a nadar aos 10 anos para se recuperar de pneumonia nos dois pulmões. Aos 17, tornou-se a primeira mulher sul-americana a disputar uma Olimpíada (Los Angeles/EUA em 1932) e, à despeito do ineditismo do feito e das dificuldades financeiras (vendeu café durante a viagem e competiu com um maiô de lã emprestado), Maria Lenk emplacou de cara a classificação para as semi-finais olímpicas nos 200 metros estilo peito.


Em 1936 ela era a única mulher a dominar o nado “borboleta” (que só viria a ser oficializado em Melbourne/1056) e, no Rio, em 1939 quebrou dois recordes mundiais: 200 metros peito (2min56s90) e 400 metros peito (6min15s80) em sua preparação para os Jogos de Tóquio em 1940, que foram cancelados por causa da 2ª Guerra Mundial.


Maria Lenk nunca abandonou as piscinas. Em 1942 ajudou a fundar a Escola Nacional de Educação Física, da Universidade do Brasil, hoje UFRJ, e em 1943 organizou no Rio a primeira mostra de balé aquático, que traria para o Brasil a prática do nado sincronizado. Nadadora Master desde sua aposentadoria como professora, ela foi homenageada pela Federação Internacional de Natação em 1988 com o “Top Ten” da entidade, como uma das dez melhores atletas masters do mundo. Esta homenagem deu a nossa querida Maria Lenk um lugar no Hall da fama da FINA, sendo a única nadadora da América do Sul que consta na lista. Ainda disputou o Mundial em 2000 na categoria entre 85 e 90 anos: 100 metros peito, 200 metros livre, 200 metros costas, 200 metros medley e 400 metros livre, ganhando cinco medalhas de ouro.


Parou por aí? Não. Escreveu um livro em 2003 (Longevidade e Esporte), foi homenageada pelo COB em 2004 com o Troféu Adhemar Ferreira da Silva, durante o Prêmio Brasil Olímpico e, em 2005, aos 90 anos, bateu três recordes mundiais do nado de peito: 50 metros (1m25s91), 100 metros (3m12s88) e 200 metros (6m57s76).


Está eternizada desde 12 de fevereiro de 2007, quando Maria lenk deu seu nome para o Parque Aquático no autódromo do Rio de Janeiro, que receberia as provas de natação, nado sincronizado e saltos ornamentais nos Jogos Pan-Americanos. Maria Lenk superou pneumonia, preconceitos, dificuldades financeiras e toda uma época na história do esporte mundial para alcançar seus objetivos. Foi pioneira, dentro e fora das piscinas, um exemplo de superação para todos que permitirem inspirar-se. Maria Lenk nadava 1500 metros por dia e assim nos deixou, há três anos, em 16 de abril de 2007, ao deixar os últimos suspiros de seus 92 anos de vitória na piscina do Clube de Regatas do Flamengo.


Adriano e companhia precisam de inspiração? Pensem e honrem esse nome: Maria Lenk.


Nota: Publicado originalmente no Magia Rubro Negra.

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