quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Invencibilidade que segue

Dia de revisão na sala de aula: na frase “eu sou Flamengo” como se qualifica o sujeito? Segundo a nova Nomenclatura Gramatical Futebolística Brasileira, o sujeito – antes qualificado apenas como “simples” – agora é “simplesmente o único invicto”! Ok, ok, sem brincadeiras agora: não dá para ignorar que somos o único time ainda invicto na temporada, que temos o melhor ataque, o melhor saldo de gols e o artilheiro isolado do Brasileirão e que emplacamos três vitórias seguidas contra times de considerável tradição (dos três últimos adversários, dois nunca deixaram de frequentar a Primeirona). Mas também não dá para ignorar que credenciais não entram em campo e muito menos garantem a vitória.


Ao contrário da grande maioria – torcida e imprensa – eu não gostei tanto assim do jogo de ontem. Até o momento do gol, podemos até dizer que tínhamos o controle do jogo, segurando bastante a bola, deixando histéricos os torcedores do Cruzeiro e anulando completamente o Montillo. No entanto não soubemos aproveitar o fato do Cruzeiro desfalcado ser monodependente do argentino. Ronaldinho e Thiago Neves erraram mais do que acertaram e Bottinelli desaprendeu como é entrar já como titular. Sobram Deivid, Léo Moura e Junior Cesar. Deivid pixotou como nunca e, mais uma vez, redimiu-se não perdendo o gol que Ronaldinho lhe deu com laço de fita e cartão de felicidades. Birrento, segue incorporando o papel de O Injustiçado. Léo Moura também errou demais, mas finalmente mostrou alguma mínima disposição, o que não acontecia há sei lá quanto tempo. E Junior César, esse sim, agigantou-se pelo lado esquerdo fez daquela zona a nossa melhor e mais efetiva opção de ataque.


Na zaga, ainda não há novidades. Com Montillo inoperante, as únicas chances de perigo que sofríamos era, obviamente, com as bolas aéreas. E, obviamente também, eu ficava bastante apreensiva a cada cruzamento sofrido. Mas parece que o time inteiro resolveu ajudar lá atrás. Todos voltavam para marcar e defender. Muito bom, mas ao meu ver, isso gerou dois outros problemas. Primeiro, o excesso de bolas rifadas no segundo tempo diminuindo fortemente a freqüência e a efetividade dos contra-ataques. E, segundo, o cansaço que essa prática impõe ao grupo da frente. Ou ver o comprometido Thiago Neves pedir arrego não deve ser tratado como um sinal de alerta?


Só voltamos a sufocar no final do jogo e mal dá para acreditar no gol perdido pelo Fierro, que substituiu o apagado Bottinelli na metade do segundo-tempo. Thiago Neves também perdeu o seu (bem parecido, a propósito, com um outro que perdeu contra o Santos). Com a zaga que temos, perder gols assim não é nada auspicioso. Não podemos insistir nos mesmos erros, afinal é assim que se ensina o caminho das pedras aos adversários. O que me consola é que, salvo os chutões para tirar a bola da nossa área, nenhum outro sinal de descontrole transpareceu. Seguimos impondo o nosso volume e o nosso ritmo de jogo. E, além disso, mesmo que não tão bem canalizado para a ponta dos pés, algo daquela vontade, daquele “sangue nos olhos” que vimos contra o Santos e contra o Grêmio ainda está ali. E espero que assim continue, independente da “grandeza” dos próximos adversários.


E que venha o Coxa!

Nota: Publicado originalmente no Bola Pra Quem Sabe.

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