quinta-feira, 16 de junho de 2011

2011 com cara de 2010

Apesar da coluna no Bola só sair na quarta ou na quinta-feira, normalmente gosto de escrever no domingo à noite ou mesmo na segunda. Assim, coloco tudo o que quero falar “no papel” com o calor das emoções do fim do semana. Boas ou ruins. Depois volto e reviso com calma, tiro as injustiças, acerto o discurso e acrescento algo de relevante que venha dos bastidores entre segunda e quarta-feira. Mas dessa vez não deu. Não dava para escrever nada depois do jogo do último domingo. Dizer que foi uma exibição medíocre seria um elogio. Ganhamos o Carioquinha com apresentações medíocres. Empatar com o lanterna do Brasileirão (e ainda lhes deixar marcar o seu primeiro gol em 4 rodadas) foi muito menos do que medíocre.


Foi mais um jogo com a zaga batendo roupa, com os laterais fora de ritmo, com o meio de campo errando passes bobos e com o ataque inexistente. Pra economizar, podem ler a coluna da semana passada e piorar um pouco as performances de todos. O Felipe talvez esteja fora do esporro, porque evitou um resultado pior. Sigo aguardando a estreia do Gustavo e o retorno de Angelim aos gramados. Junior Cesar comprometeu sua estreia ao cometer a falta que resultou no gol. Thiago Neves parece ainda estar com a cabeça na seleção brasileira e ainda com um processo de uma ex no Paraná. E Deivid se acha o injustiçado do Brasil. Cruel, minha gente. Cruel.


Falta uma injeção de comprometimento e rubro-negrismo nesse povo. Sem exceção. Estamos de volta a 2010 sem liderança, sem vontade, achando que vamos ganhar todos os jogos daqui pra frente com uma jogada de mestre a qualquer momento. Isso é simplesmente inaceitável. E tem que ser resolvido lá, dentro da equipe. Ninguém ali é novato. Todos sabem exatamente o que deve ser feito mas ninguém faz. Corpo mole, para mim o pecado mortal do futebol, bem nas nossas fuças e nada acontece. Não sei o que Luxemburgo anda fazendo ou dizendo pros caras, mas definitivamente não está funcionando. Que ele não tenha o dom da motivação em suas preleções – por mais rubro-negro que seja – eu até entendo, mas não entendo que ele não consiga organizar um time de forma a tirar o melhor de cada um, que não consiga organizar um banco para que possa fazer modificações táticas sem interferir na qualidade do grupo. E lembro, com saudades, que os recursos que tínhamos no banco ajudaram e muito na campanha do Hexa-Campeonato.


No início do ano tínhamos a impressão de que 2011 seria o ano da virada do Flamengo em vários aspectos. Uma gestão com mais profissionalismo, a construção do CT, a volta da criação de estrelas em casa, a chegada de craques renomados. Aparentemente tudo certo para termos campanhas consistentes nos campos e contas equalizadas no clube. Não há explicação para o desandar desse caldo como estamos testemunhando agora. Quantas vezes é preciso repetir o clichê de cada um precisa fazer a parte? Temos 34 rodadas no Brasileirão e uma Copa Sulamericana para não fazer uma campanha medíocre mas isso tem que começar hoje. Não dá para esperar mais.


É preciso comprometimento dos jogadores. É preciso inteligência do técnico para transformar esse grupo disperso num time à altura de seus salários – o do técnico inclusive. É preciso afinco da presidente e sua diretoria para enxugar o elenco, trazer os reforços necessários e finalizar os contratos que o clube precisa enquanto ainda não estamos com a corda no pescoço. Não entendo essa apatia generalizada. Não entendo esse esquecimento geral de que o Flamengo deve estar sempre acima de tudo. Quem não pensa assim é só pedir a toalha. Janela tá aí pra isso mesmo.


Tem jogo importante domingo. Aliás, todo jogo no Brasileirão é importante (já perdemos 6 pontos que certamente farão falta em algum momento)! Hoje teve gol de bicicleta no treino e provocação da presidente. Teve envio de mais uma proposta para alguém que pode ou não chegar e teve um acordo louco que deixou que, apesar do mando de campo no clássico ser rubro-negro, a administração da venda de ingressos ficou com o Botafogo. O motivo? Também não entendo. Não consigo tirar da cabeça que poderíamos estar agora no G4 do campeonato e estamos aqui, com o “alerta ligado” e o coração na mão. Tem jeito? Tem, e repito: cada um fazer a sua parte pelo Flamengo, o Mais Querido, o Maior do Mundo. Inclusive a torcida. Vamos que vamos!


Nota: Publicado originalmente no Bola Pra Quem Sabe.

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