quarta-feira, 22 de junho de 2011

Sacundindo a Poeira

A coisa tá complicada, minha gente. De desanimar até a mais otimista das Polyannas e transformar qualquer torcedor “malinha” em corneta, da categoria vuvuzela. Entretanto, além do rubronegrismo que nos enche o espírito, o que me inspira a sacudir a poeira, limpar os olhos e caçar a tal luz no fim do túnel é o circo pegando fogando que o resto do mundo quer ver no Mengão. “Não vai ser na minha gestão”, como costuma dizer uma amiga também rubro-negra.


Torcedores já pedem a cabeça do Luxa e especulam substitutos, disponíveis ou não. O estrategista realmente não consegue arrumar o time. Não está claro se ele quer ou não a vinda de reforços (e que reforços) ou mesmo se ele quer ou não resultados mais imediatos. Em evento na Gávea em maio, eu mesma o ouvi dizer que queria levar o Flamengo à Libertadores. Melhor, que era um objetivo pessoal seu conquistar a Libertadores com o seu time do coração. Para isso acontecer, meu senhor, é melhor definir a estratégia e partir para a execução. Algumas coisas não podem mesmo entrar na conta do Luxa (como a contusão do Maldonado, por exemplo) mas a lista do que entra na lista de responsabilidades do “pofexô” é bem maior.


Pra começar, a postura. Um técnico não pode tirar o seu da reta. Se ele não puxa a responsablidade para si, perde a confiança do torcedor (e de omisso para se “burro” das arquibancadas é um suspiro). Se ele está insatisfeito com Ronaldinho, resolva com ele em treinos e reuniões, mas nunca mandando recado em coletivas. Outra coisa é acertar a porcaria da zaga. É impossível confiar em Wellington e David Braz dessa forma. E isso compromete todo o esquema tático preferido do próprio Luxa. O time é obrigado a recuar Renato e Willians e trazer ainda Junior Cesar e Léo Moura para a marcação. Os laterais não rendem. Quando conseguem avançar, em vez de abrirem para as pontas, caem para o meio. Para quê? Para serem mais dois na confusa meiuca central ou apenas mais dois a ficar de costas pro ataque porque as bolas não estão vindo das laterais? Resultado do esquema: um monte de gente ocupada na marcação e um monte de gente embolada no meio, facilitando a marcação adversária e sem criatividade no ataque. Agora me diz, como um time com Ronaldinho e Thiago Neves pode não ser criativo no ataque?


Não sei se é finalmente vontade de mudar ou se é apenas por conta das ausências obrigatórias de Willians e Bottinelli mas hoje o time já treinou com três zagueiros. Angelim voltou para a zaga (fim da era dos improvisos do Magro de Aço na esquerda, graças à Deus!), ao lado dos dois cones titulares e o jovem Luiz Antonio volta ao time, teoricamente, como primeiro volante – papel que deve ser assumido pelo Airton, confirmando-se sua volta. Se a inexperência ou o nervosismo não prejudicarem o jovem volante, teremos mais tranquilidade na defesa e, consequentemente, teremos os laterais liberados para avançarem como se espera deles. Só assim veremos se eles não estão funcionando porque o esquema atual não lhes favorece ou se são eles mesmos que estão fora de sintonia com o universo, seja por falta de entrosamento do recém chegado, ou falta de motivação do veterano.


Na frente, a ausência de Botti, substituído oportuna e taticamente por um primeiro volante, deve descongestionar o meio e deixar Ronaldo mais solto. Thiago Neves só precisa recuperar o foco. Diego Maurício perde a vez novamente para Wanderley. E essa roleta russa me incomoda demais porque não vejo critério nessa sequência interminável de tentativa-e-erro que o indeciso Luxa insiste em lançar mão no ataque. Mas se é o xará que ele quer, que ele o prepare decentemente e que possamos ver as explosões do moço acontecendo novamente em vez do atabalhoado que tem entrado em campo. Repetindo, enquanto não tivermos os laterais de volta como laterais (ou alas, como preferem alguns), o ataque ficará seriamente comprometido.


Em tempo: não vou ao estádio para vaiar, principalmente durante a partida. Mas Ronaldinho bem que merece um puxão de orelha. Se não for do Luxa, que seja do Veloso, da Patrícia ou do Papa. Numa avaliação profissional (como a que a maioria de nós pobres mortais sofremos anualmente) ele teria 10 em frequência, 10 em pontualidade e 5 em todo o resto. Suas farras não comprometem seus horários mas trabalho é trabalho, amigo. E Ronaldinho, infelizmente para o Flamengo, não está fazendo o dele.


Nota: Publicado originalmente no Bola Pra Quem Sabe.

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